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quinta-feira, 24 de junho de 2010

A borboleta branca.

O dia em que dei carona a uma borboleta branca.

"I always wonder why butterflies choose to stay in the same place, when they can fly anywhere on the Earth. Then, I ask myself the same question”.

 Na cultura popular japonesa, a borboleta branca é vista como a alma de uma pessoa já falecida. Gostava de pensar que isso é verdade.

...
Estava eu, dia desses, dirigindo de janela aberta, quando parei no semáforo e notei uma linda borboleta branca batendo asas em volta do meu carro. Tão livre e delicadamente quanto só é possível a uma borboleta branca.

Fiquei observando, encantada, a displicência precisa existente nos movimentos daquele inseto.

Beleza, delicadeza, precisão, confiança, mobilidade, liberdade, independência, autonomia... É, eu deveria ter nascido uma borboleta branca.

Quando o semáforo abriu, eis que a pequenina borboleta decidiu compartilhar comigo mais alguns instantes da sua total liberdade de ir e vir. Entrou voando pela janela e pousou graciosamente em um dos meus dedos que seguravam o volante.

Que alegria! Ficamos lá, a borboletinha e eu, vivenciando aquela inesperada epifania. Tão singular e tão embriagante! Senti-me presenteada por aquele animalzinho.

Foi um daqueles pequenos acontecimentos que enchem nosso espírito de felicidade e nos fazem pensar nos milagres da vida. Gostei de acreditar que era a alma de uma pessoa que escolheu estar comigo naquele momento. Quanto privilégio!

A borboletinha me acompanhou, confiante e segura, até o semáforo seguinte, quando parei novamente no vermelho. Ela, então, decidiu que era hora de partir, afinal, as borboletas não foram “inventadas” (como pensaria Brás Cubas) para permanecer. A elas lhes foi sagrado o direito, total e irrestrito, de locomoção.

Mas como alguém que se apega a determinada situação, ela permaneceu ali, rodeando meu carro, despedindo-se apropriadamente de mim. Ou, talvez, permitindo, carinhosamente, que eu desfrutasse por mais alguns segundos do prazer da sua companhia.

O semáforo esverdeou. Era a minha hora de partir. E a linda borboletinha branca, como se não suportasse a dor do adeus, chocou-se contra o meu para-brisa em um ato suicida.

E eu voltei pra casa chorando, sem conseguir encarar aquele pequenino cadáver desfigurado, grudado no vidro do meu carro.

4 comentários:

Carol Machado disse...

Eu também queria voar... Mas prefiro ser um besouro, pra não correr o risco de ficar no seu parabrisa como a borboletinha..... rs

Letticia Caruso disse...

Foi muito triste esse episódio da borboletinha. Chorei muito no dia. :(

Ju Almstadter disse...

ai miga, sério? Ai q dor...

Letticia Caruso disse...

Muito triste, né, Ju?