Decidi, então, estabelecer uma política de boa vizinhança entre mim e a minha-Saudade-dele. Uma saudade imensa, de um passado não muito distante, que insiste em usar meu peito de abrigo. E aí fico, eu, à deriva Dela: a inabalável minha-Saudade-dele.
É uma saudade que vai comigo pra cama toda noite, acomoda-se confortavelmente nos meus lençóis e no meu travesseiro e me deseja “boa noite”. Assim mesmo, toda vez, sempre igual. E eu quase não durmo com Ela, ali, deitada esplendorosa e espaçosa no meu colchão.

Porque a minha-Saudade-dele descobriu, em um enorme coração, imensa disponibilidade para recebê-La e nutrí-La de tudo aquilo que Ela precisa para continuar querendo estar. Assim, instalou-se.
E ficou.
Não mais fugirei Dela. Quer ser dentro de mim? Seja! Fique o tempo que julgar necessário e mude-se tão logo estiver pronta para isso. Ou, de tanto existir, esgote-se dentro de mim; não importa... enquanto isso, sem grandes estardalhaços, eu simplesmente vou cuidando da minha vida. Não Dela.
É o nosso acordo tácito.
Talvez funcione: dedicar menos atenção e energia a Ela, apenas deixando-A existir, no canto que Ela escolheu. Fique, se precisar; vá, se puder. Por ora, é o que nos posso oferecer e, assim, não acentuar os sentimentos colaterais que Ela me causa. Que, aliás, são mais severos e prejudiciais que Ela própria.
Apenas não contem à minha-Saudade-dele: - mesmo, eventualmente, tendo Ela me deixado, sempre haverá uma frestinha pela qual Ela será capaz de passar e encontrar meu coração, de novo, disposto a alimentá-La. Essas frestinhas são as mais difíceis de vedar e eu, confesso, coleciono algumas.
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Ah, a frestinha? Recordações...
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